Mais um ano letivo que se inicia. Dúvidas não restam quanto ao reconhecimento de o ensino superior ser absolutamente fundamental para a formação e para a emancipação dos jovens e prova disso é o cada vez maior número de estabelecimentos de ensino superior, de estudantes e de estudos publicados sobre ensino superior, o que legitima o interesse por parte dos investigadores sobre temas relacionados com a academia. Exige-se cada vez mais que as instituições de ensino superior, pela responsabilidade social acrescida que têm, dotem estes jovens de capacidade para se afirmarem profissionalmente numa sociedade competitiva, nunca esquecendo que a aprendizagem deve acontecer num contexto de uma cultura humanista pautada por valores de respeito e de exigência.
Certo é que a passagem para o ensino superior corresponde a uma fase do desenvolvimento psicológico com tarefas muito específicas, entre as quais o sentido de competência, a integração das emoções, a autonomia em direção à interdependência, as relações interpessoais, a identidade e o sentido de vida. A entrada no ensino superior marca a dinâmica familiar e individualmente de forma paradigmática, por ter subjacentes expectativas para pais e filhos muitas vezes antecipadas anos antes. Esta transição pode constituir uma oportunidade para o jovem adquirir mais autonomia, alterar as redes de contactos sociais e de pares, adquirir de novos papéis, reforçar o sentido de identidade, definir a sua vocação profissional e, simultaneamente, a possibilidade de confirmar as suas capacidades individuais.
A atenção que merecem os alunos do primeiro ano, em concreto, resulta da particularidade de ser uma oportunidade de organização psicológica. Alguns estudos mostram que durante o primeiro ano da universidade mais de metade dos estudantes universitários revelam dificuldades nesta transição ou desenvolveram psicopatologia. Os desafios sentidos nas diferentes dimensões dão oportunidade aos alunos de avaliarem e desenvolverem novos projetos de vida, mas se a adaptação for difícil, isso poderá traduzir-se em diversas dificuldades do ponto de vista do rendimento académico e, consequentemente, desencadear tomadas de decisão como o abandono escolar ou criar fatores de stress concorrentes. Para encarar essas situações novas, concorrem diversas características individuais, como a motivação, o autoconceito, as expectativas e as características do contexto académico.
Mais um ano letivo que se inicia. Dúvidas não restam quanto ao reconhecimento de o ensino superior ser absolutamente fundamental para a formação e para a emancipação dos jovens e prova disso é o cada vez maior número de estabelecimentos de ensino superior, de estudantes e de estudos publicados sobre ensino superior, o que legitima o interesse por parte dos investigadores sobre temas relacionados com a academia. Exige-se cada vez mais que as instituições de ensino superior, pela responsabilidade social acrescida que têm, dotem estes jovens de capacidade para se afirmarem profissionalmente numa sociedade competitiva, nunca esquecendo que a aprendizagem deve acontecer num contexto de uma cultura humanista pautada por valores de respeito e de exigência.
Certo é que a passagem para o ensino superior corresponde a uma fase do desenvolvimento psicológico com tarefas muito específicas, entre as quais o sentido de competência, a integração das emoções, a autonomia em direção à interdependência, as relações interpessoais, a identidade e o sentido de vida. A entrada no ensino superior marca a dinâmica familiar e individualmente de forma paradigmática, por ter subjacentes expectativas para pais e filhos muitas vezes antecipadas anos antes. Esta transição pode constituir uma oportunidade para o jovem adquirir mais autonomia, alterar as redes de contactos sociais e de pares, adquirir de novos papéis, reforçar o sentido de identidade, definir a sua vocação profissional e, simultaneamente, a possibilidade de confirmar as suas capacidades individuais.
“Os desafios sentidos nas diferentes dimensões dão oportunidade aos alunos de avaliarem e desenvolverem novos projetos de vida..”
A atenção que merecem os alunos do primeiro ano, em concreto, resulta da particularidade de ser uma oportunidade de organização psicológica. Alguns estudos mostram que durante o primeiro ano da universidade mais de metade dos estudantes universitários revelam dificuldades nesta transição ou desenvolveram psicopatologia. Os desafios sentidos nas diferentes dimensões dão oportunidade aos alunos de avaliarem e desenvolverem novos projetos de vida, mas se a adaptação for difícil, isso poderá traduzir-se em diversas dificuldades do ponto de vista do rendimento académico e, consequentemente, desencadear tomadas de decisão como o abandono escolar ou criar fatores de stress concorrentes. Para encarar essas situações novas, concorrem diversas características individuais, como a motivação, o autoconceito, as expectativas e as características do contexto académico.
No que respeita à própria instituição de ensino, daria especial destaque aos horários, às normas de funcionamento e às características do corpo docente. Do ponto de vista dos professores, releva o maior ou o menor nível de proximidade. Sabemos que a proximidade entre docentes e alunos não é igual em todas as escolas, mas os alunos têm tendência a valorizar positivamente essa proximidade. É certo que em escolas de dimensão muito grande isso pode não ser de fácil uso, mas cabe a cada docente fazer um esforço para agir no sentido de não ser um mero relator de conteúdos, robotizado, em total alheamento face àquilo que é a realidade concreta dos jovens em início de percurso, motivados e curiosos, mas, simultaneamente, vulneráveis.
Além dos fatores de vulnerabilidade de cunho mais pessoal e social já referidos, não descuremos as questões financeiras. Os tempos são de crise, a inflação está aí e as famílias começam a ressentir-se. A entrada no ensino superior tem um impacto muito significativo do ponto de vista financeiro, sobretudo para os deslocados, sendo que para alguns há uma grande dependência de bolsas de ação social, sem as quais não poderiam frequentar o ensino superior. Todos conhecemos alunos que passaram por muitas dificuldades financeiras, independentemente de estudarem no público ou no privado. Há um conjunto de custos associados muito para lá do valor das propinas que até têm descido, mas a nível da alimentação, dos materiais, dos transportes e, a meu ver, o que mais impacto tem: o valor das rendas que se praticam. Vimos, recentemente, várias intervenções públicas nas diferentes aberturas deste ano letivo – e o problema não é de agora – sobre o preço dos quartos nos grandes centros urbanos.
Muitas vezes metade do salário de um dos pais não chega para pagar um quarto numa dessas cidades. A isso acresce, por vezes, a precariedade das condições habitacionais e contratuais com que estes jovens e os seus pais são ainda brindados. Por necessidade, muitas vezes, estas situações são normalizadas. Estudos indicam que os estudantes deslocados de casa são quem mais refere sentir solidão muitas vezes, enquanto os que permanecem na sua área de residência referem que nunca se sentem sozinhos. Ora, podemos inferir, então, que os estudantes deslocados são os que mais situações de vulnerabilidade enfrentam.
Neste sentido, a frequência do ensino superior exige grandes desafios de todos. Numa altura em que os jovens são confrontados com tantas transformações na sociedade, assim como os jovens se devem preparar para estas grandes tarefas de transição e de adaptação a uma nova realidade, também os estabelecimentos de ensino superior deverão assegurar condições adequadas de acolhimento. É verdade que o assunto tem vindo a ser considerado, tendo em conta o número de gabinetes de apoio psicológico e de orientação vocacional. No mais, impera uma reflexão conjunta sobre a necessidade que os estudantes têm de estabilidade e de tranquilidade para levar a cabo as suas tarefas e ultrapassar os desafios que a vida lhes oferece e aí as escolas têm ainda um longo percurso a fazer.
Artigo de opinião publicado na Ensino Magazine (www.ensino.eu). Lisboa, Novembro de 2022